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23/06/2008

Hera x Aracnea

Aranhas!
Se alguém tentar imaginar a cena, não vai conseguir.
Escrevi a maldita palavra ali de cima (a primeira deste texto) com os dedos contorcidos e agora me esforço para olhar a tela do computador e conferir a grafia correta da infeliz, mas no meio do caminho o olho trava sem conseguir alcançar o destinho final.
Meu Deus! É só uma palavra, vocês devem pensar.
Só uma palavra o caramba!
É um bicho pavoroso, com várias patas (não importa quantas) que se forem grossinhas então (encorpadinhas), piora tudo.
Segundo a mitologia grega, Aracnea era uma bela tecelã com habilidade impressionante.
Tal facilidade para a arte de tecer chegou aos ouvidos da deusa Hera (patrona das tecelãs) que, enciumada pela fama da moça, desafiou-a.
Hera propôs uma competição a Aracnea afim de concluir qual das duas realizaria o trabalho mais qualificado.
Após dias tecendo sem parar, Hera, ao perceber que a rival não manisfestava sinal de cansaço, pôs fim à empreitada e ordenou que juízes decidissem a quem pertencia a trama mais bem feita.
Qual não foi sua surpresa diante da afirmação de que o trançado da mortal era impecável. O mais perfeito visto até então.
A esposa de Zeus, num misto de inveja, vergonha e indignação, amaldiçoou a pobre Aracnea a passar o resto da eternidade tecendo. Dia após dia. Teia após teia.
Seus descendentes são os aracnídeos e a história, apesar de interessante, não diminui em nada o pânico que eu tenho detes monstrinhos.
Pronto! Os dedos já estão se contorcendo novamente.
Acho que narrei o mito grego apenas para poder escrever sobre minha maior fobia sem ter que pensar muito nela.
Ta bom! Foi uma fuga.
Quem achar que não valeu, que se manifeste.
Ah! Só para concluir, essa fobia não é minha não, tá. É daquela minha amiga. Aquela do namorado.
Não sou eu quem tem medo disso aí não. Eu nem ligo.

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20/06/2008

Dias melhores virão

Escrever é um ato de se entregar.
Expor seus pensamentos, sejam eles superficiais ou altamente reveladores.
Em momentos de profunda inspiração as palavras surgem quase que de forma espontânea, acomodam-se ao texto com naturalidade.
Porém, em momentos mais conturbados, as idéias não são tão claras e, às vezes, até se escondem dando a impressão de que nada existe para se dizer.
A experiência deste blog tem sido enriquecedora e gratificante.
Ser forçada a escrever todo dia, brincar de extrair graça dos fatos cotidianos, levar a mente a trabalhar coisas simples transformando-as em entretenimento para os amigos, receber diariamente o carinho destes, tocar a razão e a emoção até de gente desconhecida e, além de tantas outras coisas, descobrir que, apesar de ter passado um tempo com as idéias entorpecidas, ainda penso, são motivos para me deliciar com este espaço.
As pessoas que frequentam o blog são importantes para mim e por elas (vocês) tenho imenso respeito.
Desculpem por frustrá-los durante toda esta semana.
Prometo que semana que vem eu volto.

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14/06/2008

Viajando

Minha filha de 7 anos tem MSN.
Me pediu para fazer um Orkut também.
Mas este eu não permiti.
A vantagem do MSN é que ele não expõe. Só tem acesso quem é aceito. Se bem que o Orkut já tem dado alguns passos significativos nesta direção.
Mas, mesmo assim, ainda não considero apropriado para a idade dela.
Só que este não é o ponto que eu quero levantar.
Ao vê-la teclando em frente ao computador, conversando com amigos e familiares, fui levada a refletir sobre a mobilidade da língua portuguesa.
Mais do que nunca, entendi porque dizemos que é uma "língua viva".
Acontece comigo (e muito provavelmente com você) o fato de confundir a escrita formal com a linguagem que usamos na internet.
Em uma conversa virtual as letras dão lugar a agilidade e tudo acaba sendo abreviado. Somem os acentos e a pronúncia passa a ser muito mais valorizada que a gramática.
As regras dão lugar àquilo que realmente importa: a transmissão da mensagem.
Acontece que as horas que eu dedico a este tipo de diálogo interferem no meu desempenho gramatical extra MSN. Se o internetês não chega a prejudicar meu português é devido ao cuidado redobrado e à revisão contínua daquilo que escrevo.
Mas eu tenho 30 anos (muito bem conservados, diga-se de passagem) e apenas nos últimos destes passei a ter um contato frequente com este tipo de mídia enquanto que a Língua de Camões me tem sido ensinada desde as primeiras palavras.
A grafia correta de grande parte do nosso vocabulário já está impressa em minha memória há muito tempo. Se a substituo, quando posso, pela forma difundida entre os internautas é apenas por uma questão de comodidade.
Eu bem sei o correto.
Mas e estas crianças de 7 anos?
Aprendem de manhã conforme o tio Aurélio e depois, antes mesmo que possam absorver a lição, desaprendem com todos da sua lista de amigos.
O que me intriga nesta situação é imaginar como os pequenos lidarão com isto.
Será que conseguirão distinguir as situações e aplicar as palavras da maneira tradicional?
Ou transformarão a Língua Portuguesa com rapidez surpreendente?
Talvez propiciem uma alteração drástica que, sem a comunicação on line, naturalmente levaria centenas de anos para se concretizar.
Será que esta nova forma de comunicação afetará outras campos de nossa vida?
Cristo!
Fico pensando em tudo isso e tenho vontade de proibir que a minha filha use o MSN. E de pedir à professora que envie às outras mães um comunicado solicitando que façam o mesmo.
Besteira isso.
Então melhor não pensar.

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12/06/2008

O melhor namorado do mundo

As solteiras que me desculpem, mas namorado é fundamental.
Na verdade, nem todos.
Mas o meu, sem dúvida, é.
Não vou ficar aqui dizendo que ele é o melhor namorado do mundo, me entende (pelo menos tenta), respeita minha individualidade e me faz sentir a mulher mais especial da terra.
Não vou dizer nada disso.
Por que desse tipo de coisa não se faz propaganda.
É perigoso.
Mas, digamos assim, que eu tenho uma amiga que tem um namorado que é o máximo, é lindo, maravilhoso, fofo.
É alguém que se esforça para melhorar sempre o relacionamento.
Alguém que analisa as dificuldades da convivência a dois e considera os pontos em que precisa mudar ( é um homem, juro).
É meio estouradinho, mas depois que a poeira abaixa raciocina com clareza e toma as decisões mais sensatas.
Além de tudo isso ainda é extremamente talentoso e dedicado ao crescimento profissional (porque ninguém vive só de amor, né).
Aprendeu rapidinho a ser pai e hoje da conta do recado de forma surpreendente.
É sensível, carinhoso e meio desligado até, mas é só dar um toque que ele logo acorda pra vida.
É divertido, engraçado, as vezes até demais...
Ah! Para fechar com chave de ouro, ele ainda adora cinema (parece até o meu, mas não é não).
Olha, essa minha amiga tem muita sorte porque se esse não for o homem perfeito, mas ta no caminho, ta quase lá.
Ó! Eu to falando do namorado de uma amiga minha.
Não é o meu.
Não é mesmo.
Por que dessas coisas não se faz propaganda.

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11/06/2008

Respeitando decisões

Conheço um número razoável de casais que, embora formalmente juntos, dividindo o mesmo teto, já há algum tempo, não tem filhos.
Tem cachorro. Gato. Piriquito. Papagaio. Tartaruga. Tamaguchi.
Mas não tem filhos.
O pior não é isso.
Quando indagados sobre a data prevista para a chegada da cegonha, afirmam, um pouco tímidos, que ela não vem.
Como assim não vem?
Simplesmente não vem. Um homem e uma mulher, casados, com uma situação financeira estável... que não querem ter filhos.
Confesso que até eu reajo meio mal diante de tal revelação.
Saio logo alardeando sobre as maravilhas de ser mãe, sobre como uma criança enche a casa, como o amor que se sente por um filho é inexplicável e não pode ser comparado a nada neste mundo e mais um trilhão de justificativas que comprovem que a decisão deles está completamente equivocada.
Tudo besteira.
Desde quando duas pessoas não tem o direito de escolher se querem ou não ter filhos?
Desde quando elas são obrigadas a ficar ouvindo conversa fiada de quem tomou sua própria decisão, sem interferência de ninguém, e agora quer obrigar a todos que ajam da mesma forma?
O direito que cada um tem fazer suas próprias escolhas, inclusive quando se trata de ter ou não filhos, é sagrado. Deve ser respeitado acima de qualquer opinião.
Cabe somente ao casal esta decisão.
Apenas as duas pessoas diretamente envolvidas na história devem ser levadas em consideração e, de forma sensata, chegar a um consenso.
Que saco.
Por que uma mulher que, em pleno século XXI, trabalha, paga suas contas, tem uma ou duas faculdades, pós-graduação, mestrado, sonha com um doutorado em outro país, lava a louça, deixa o marido almoçar na casa da sogra (ou pegar marmita no restaurante da esquina), orienta a faxineira, mantem a casa limpa, permite que o marido jogue futebol ou saia com os amigos no mínimo uma vez por semana (nomáximo duas), realiza suas fantasias sexuais (pelo menos as mais acessíveis), e mais um monte de coisas que não to lembrando agora... ainda tem que se obrigar a ter filhos quando não apresenta a menor vontade de ser mãe, ou apenas não está bem certa sobre isso?
Não faz sentido.
Ser mãe, realmente é a melhor experiência do mundo.
Mas isso só funciona para quem, de fato, quer ser mãe.
Quem não quer, não quer e pronto.
Não tem nada de mais nisso. Nada de errado.
Pelo contrário.
É uma decisão muito inteligente e, levando em consideração a sociedade na qual estamos inseridos, que exige coragem para ser tomada.
Só vale a pena ter filhos se esta vontade estiver impressa em sua alma. Para colocar uma criança neste mundo é necessário entregar a vida a esta criança.
Quem não estiver disposto a fazer isto, que não faça.

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09/06/2008

Onde está a violência?

De início, fui a favor do desarmamento no Brasil quando levantada a questão.
Todos os argumentos contrários que me eram apresentados esbarravam no sonho de um país sem violência. Um país em paz.
Na época, acabei mudando de opinião apenas diante de dados comprovados de que desarmar o povo é uma das primeiras ações de regimes totalitários.
Tenho fobia de ditaduras.
Votei contra o desarmamento.
Assisti hoje, nauseada, a notícia do japonês que jogou o carro em cima de um grupo de transeuntes e, em seguida, com uma faca, atingiu mais quantos pôde.
No Japão existem duras leis que proíbem as pessoas de se armarem.
No entanto, o Jornal Nacional seguiu com a informação alertando que este é o terceiro ataque deste tipo (contra uma multidão), com faca e que o governo estuda a possibilidade de criar leis que dificultem o acesso a facas de grande porte.
Dá até vontade de rir.
O infeliz do japonês primeiro atingiu as pessoas com o carro.
Será que vão proibir também os nipônicos de fazerem uso de veículos motorizados?
O que é uma arma?
Quando um objeto pode ser considerado uma arma?
Na minha opinião, o que faz de um objeto uma arma é o fim com que é utilizado.
Não importa o material que o compõe, mas sim a intenção daquele que o emprega.
Voltando ao caso do jornal, penso que as autoridades daquele país não deveriam se preocupar com aquilo que os japoneses carregam, com as armas que eles têm.
Talvez os governos (de lá, daqui ou dacolá) se aproximassem da paz se voltassem a atenção às carências sociais, às necessidades básicas, aos anseios da população.

Acredito que a chave da violência não é a arma que um cidadão possue, mas exatamente aquilo que lhe falta.

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08/06/2008

A Sagrada Hora do Banho

Conheço os problemas do planeta, inclusive a escassez de água.
Educo a minha filha de forma ecologicamente consciente.
Em geral, evito o desperdício.
Mas, nem por isso, dispenso um bom banho quente e demorado.
Enquanto a tão preciosa água escoa pelo ralo, leva com ela, além das milhares de células dérmicas que constantemente se renovam, uma parte considerável de meus conflitos e anseios.
Tudo bem que a ciência recomende o banho rápido com água fria para melhor manutenção da camada de gordura que proteje a pele e que o efeito da mesma sobre os cabelos seja inegavelmente positivo.
Um longo e esfumacento banho lava a alma.
Debaixo da água quente eu penso melhor, com mais clareza, falo (ora sozinha, ora com personagens que representam desde as pessoas que me rodeiam até aquelas que detém poder para solucionar boa parte dos problemas do mundo), choro, sorrio, perdôo e me redimo.
É um erro. Eu sei.
Mas me faz tão bem.

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06/06/2008

Proibido para quem tem classe (mas não tem alma)

Puta que pariu!

(Se você é do tipo que se ofende com palavrões, melhor parar de ler AGORA. Pule para qualquer outro texto. Porque aqui vem chumbo grosso)

Porra caralho merda cacete buceta cú.
Chega de ser boazinha.
Chega de ter bons modos.
Chega de se preocupar com o que os outros vão pensar.
De medir as palavras.
De tentar fazer bonito.
Chega de intelectualidade.
De português adequado.
Chega dessa nóia de politicamente correto.
Chega!
Por que nada disso importa se ainda existem crianças que morrem de fome.

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05/06/2008

Carga Perigosa

Sabe aqueles caminhões que trazem em destaque a informação que seu conteúdo é "altamente inflamável"?
Acho que algumas pessoas deveriam ser obrigadas a pintar na testa (ou em algum outro lugar de grande visibilidade) que transportam uma personalidade "altamente irritável".
Trata-se de um tema de Saúde Pública. Não, talvez se relacione com a área de Educação. Não, não, sem dúvida é uma questão de Segurança (dos outros).
Preciso informar (apenas para aqueles que não me conhecem) que eu sou uma destas pessoas.
Exatamente por isso tenho autoridade para falar sobre o assunto.
Não é todo dia mas, com uma frequência razoável, carrego um humor volátil que se dissipa facilmente em contato com algumas substâncias.
Com o passar dos anos aprendi a identificar tais substâncias e procuro me manter afastada delas.
Por exemplo, a menos que eu tenha visto o passarinho verde, não chego perto (menos de dez metros de distância) de gente burra, invejosa, prepotente ou submissa.
São coisas que me fazem mal.
Mas a substância que causa em meu humor a pior de todas as reações é a hipocrisia.
Gente que defende valores que não pratica corrói a minha paciência.
Gente que julga os outros sem considerar suas próprias ações inflama minha ira.
Chegar perto de quem bate no peito afirmando ser aquilo que de fato não é... resulta em explosão, na certa!
Já experimente várias fómulas para controlar a minha indignação perante os portadores destas características, mas a única que se mostrou eficiente foi a distância.
Não precisa nem dizer que existe um fator que me torna ainda mais sensível a estas desprezíveis manifestações do caráter humano. A famigerada TPM.
Responsável por potencializar a minha impaciência, estas três letrinhas acabam sendo acusadas até pelos crimes que não cometeram. E isso me deixa ainda mais irritada do que qualquer outra coisa no mundo, pois não existe nada pior do que reclamar de uma situação que evidentemente se desenvolve da maneira errada e ser indagada se estou na TPM.
Só de pensar já me irrito.
Confesso que, em alguns momentos, ser desse jeito me causa transtorno. Mas, em geral, sou feliz assim. Tenho até orgulho do meu grau de indignação, pois graças a ele seleciono as pessoas que fazem parte do meu círculo de convívio de forma que contribuam para o meu crescimento emocional e acrescentem pontos positivos na minha história pessoal.
Por que do contrário, não vale a pena!

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03/06/2008

Saudade da Aline

Com essa história de divulgar o blog para os amigos do orkut acabei revendo muita gente.
A maioria é apenas mais um nome em uma lista.
Alguns são amigos queridos com os quais dividimos carinho mas não mantemos contato. Aí basta um fato novo para reascender a amizade.
Muitos são bastante próximos e participam pessoalmente de nossas experiências.
E, infelizmente, em minha lista ainda existe um nome que, apesar de ocupar hoje inultimente aquele espaço, representa uma amiga que guardo no coração.
Conheci a Aline em Laguna, vizinha da minha tia. Morava em uma casa grande e tinha uma família um pouco diferente dos padrões habituais.
No começo nos víamos apenas no verão. Temporada de praia.
Depois ela veio estudar em Tubarão e durante alguns anos frequentamos a mesma turma.
Apesar de nos darmos bem, nunca fomos grandes amigas.
Tínhamos personalidades conflitantes entre si, ambas éramos bastante convictas em nossas idéias e, como estas normalmente divergiam, não era muito comum andarmos juntas.
Ela era muito amiga da minha prima e isso era o que mais nos unia.
Enfim, crescemos e naturalmente seguimos caminhos distintos.
Perdemos completamente o contato.
Anos mais tarde (uns 5), graças ao orkut, reencontrei a Aline.
Trocamos msn e durante algum tempo conversamos diariamente.
Soube que ela estava morando em São Paulo, estava noiva e havia se formado em Letras.
Tinha morado um tempo na Alemanha e, por conta disso, trabalhava com tradução.
Ela me incentivou a fazer dieta e investir em uma vida menos sedentária.
Eu lhe passei o e-mail da minha prima (aquela da qual era muito amiga) e, também elas, através da internet, puderam reaver a amizade.
Já estava acostumada com seus comentários inteligentes e seu humor ácido quando ela sumiu.
Estava sempre offline.
Pensei que talvez tivesse mudado de emprego ou reorganizado os horários proporcionando nosso desencontro.
Também podia estar sem internet.
Senti sua falta, mas não me preocupei.
Conversando com a minha prima descobri que ela também não retornara mais seus e-mails.
Realmente, devia estar sem internet.
Alguns meses depois saí com a essa prima e mais alguns amigos para tomar um chopp e depois de algumas rodadas chegou ao local um primo da Aline. Como era conhecido do marido da minha prima, sentou-se com a gente.
Depois de jogarmos um tanto de conversa fora, resolvi indagá-lo sobre o paradeiro da Aline.
Onde ela andava e porque havia sumido da internet?
Ele ficou nos olhando (minha prima e eu) paralisado, perplexo.
Então contou que a Aline havia morrido há alguns meses.
Do coração. De repente. Ataque fulminante.
Ainda lembro daquele instante.
Ficamos completamente perdidas.
No começo, achamos que era uma brincadeira de péssimo gosto. Não podia ser verdade.
Aos poucos fomos organizando os pensamentos e, enquanto nossos olhos se enchiam de lágrimas, o afundamos em uma enchurrada de perguntas. Esperávamos ao menos uma resposta que conferisse sentido à notícia, mas esta resposta não veio.
Já faz quase dois anos mas, mesmo assim, ao lembrar da querida Aline, que ainda ilustra a minha lista de amigos do orkut, meu coração dói.
Como podemos encontrar uma pessoa e, da maneira mais banal do mundo, conversar diariamente com ela, dividir dúvidas, trocar conselhos sem imaginar que em um instante ela nos será furtada sem o menor aviso?
Quem não enlouqueceria ao considerar a realidade de que todos, todos, que fazem parte da nossa história, que em algum momento cruzam nosso caminho ou permanentemente andam ao nosso lado podem desaperecer em questão de segundos?
Existem outras pessoas que me foram caras e já faleceram.
Mas a partida da Aline, mesmo que nós não fôssemos tão íntimas, deixou uma saudade muito grande. Talvez porque a tivesse reencontrado a pouco tempo e, mais amadurecidas, nossas conversas me tenham feito perceber que podemos construir amizade mesmo em terrenos irregulares onde as opiniões são distintas e as experiências de vida, desiguais.

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02/06/2008

Anita Garibaldi

Me apaixonei por Anita logo que sofri uma grande decepção amorosa.
Saí de uma relação castradora onde meu universo era bastante resumido e as perspectivas ainda mais limitadas e conheci Anita, a Heroína de Dois Mundos.
Logo de cara me encantei com sua história.
Uma moça jovem que na pacata Laguna conhece um aventureiro libertário e ao seu lado revoluciona três países, em dois continentes.
Hoje, quase dez anos depois de conhecer suas aventuras, ainda admiro Anita.
Porém, ao me aprofundar no estudo dos fatos que marcaram sua trajetória, percebi que o que mais me instiga nesta personagem não são suas lutas, nem seu envolvimento político, ainda que estes acontecimentos fossem bastante inusitados para moças daquela época.
Se num momento mágico eu pudesse um dia me sentar diante de Anita (fosse neste mundo ou em qualquer outro) teria apenas uma pergunta para lhe fazer.
Não indagaria sobre a aventura de cruzar o oceano, aprender duas novas línguas, adaptar-se a costumes completamente estranhos, guerrear como homem e abandonar os próprios filhos enquanto a maioria das mulheres bordava pacientemente aguardando o retorno do companheiro.
Não lhe questionaria a sensação de morrer em fuga, ser enterrada como indigente, ter o corpo desenterrado várias vezes e, mesmo sem vida, desempenhar papel fundamental para a união de um país.
Lhe faria apenas uma pergunta.
Teria a menina simples de Laguna se aventurado por este mundo enfrentando toda a sorte de desafios por amor ao italiano ou teria ela amado o italiano exatamente porque ele (ao contrário de seus vizinhos pescadores) lhe proporcionava a chance de enfrentar os perigos do mundo, conhecer novos horizontes, ainda que nebulosos.
Ao contrário daquilo difundido por historiadores e admiradores de Anita eu realmente acredito que ela não se tornou heroína por amor (pelo menos não a Garibaldi).
Fosse ele um caixeiro viajante que, mesmo andando por vários lugares, a obrigasse a permanecer em casa educando os filhos e a aventureira o teria amado mesmo assim?
Acho que não.
Não que seu amor não fosse sincero.
Ele foi sim.
Mas esse amor ocorreu justamente porque aquele loiro de olhos azuis representava tudo que ela mais ansiava na vida: aventura.
Acho inclusive que qualquer um (fosse italiano, francês ou até mesmo argentino) que surgisse por aquelas paragens oferecendo àquela jovem, sedenta por novidade, uma perspectiva de vida mais agitada, teria arrebatado seu coração.
E foi assim que eu deixei de ver Anita como uma heroína romântica.
O que não a desmereceu em nada.

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