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16/10/2009

Redes Sociais não são Playground

selo2_amigosdoplaneta

A internet entrou na minha vida pra valer há cerca de menos de dois anos.
Claro que muito antes disso eu já sabia usar um computador. Já sabia fazer pesquisas. Distraia-me com alguns jogos e... tinha Orkut.
Mas em maio de 2008 eu me sentia profundamente frustrada por não exercer uma das minhas maiores paixões: Escrever.
Cogitava propor a algum jornal semanal da região uma coluna com meus textos quando fui presenteada por meu noivo com a idéia de criar um blog.
Eu não sabia o que era isso.
Já tinha ouvido falar. Mas não tinha noção de como funcionava ou pra que servia.
Comecei a pesquisar sobre o assunto.
Criei o Penso em Tudo.
Fui para Campus Party, o maior evento de tecnologia do país.
Apaixonei-me pelo assunto.
E, aí, meu envolvimento com a tal da web 2.0 não parou mais de crescer a ponto de deixar de ser um passatempo e se transformar no meu ganha pão.
Dei uma reviravolta na minha vida e hoje ela gira, em grande parte, em torno das mídias sociais.

Contei tudo isso apenas para introduzir o assunto que me interessa falar aqui mostrando que ninguém é obrigado a entender de redes sociais.
Até dois anos atrás eu nem sabia que esse era o nome dado aos sites como o Orkut. Que era somente o que eu conhecia.
As coisas só mudaram pra mim porque as redes sociais tornaram-se meu foco profissional e se você não trabalha nessa área não precisa conhecer a fundo toda essa parafernália.
Apesar de estar muito na moda.

Agora, vamos ao que interessa.

Na metade do ano passado levei minha filha, de oito anos, a uma festinha de aniversário de um coleguinha.
Eu sou do tipo de mãe que, sempre que possível, fica nas festinhas.
Por sorte, não sou a única, apesar de sermos poucas.
Formamos sempre uma rodinha de mães e o assunto não poderia ser outro: filhos.
Conversa vai, conversa vem, começamos a falar sobre os trotes telefônicos que simulam seqüestros e a audácia dos marginais em vasculhar nossas vidas para obter informações que sustentem a farsa do sequestro.
Logo logo concluímos, todas, que uma das principais ferramentas da bandidagem era o tal do Orkut.
Eu, apesar de oscilar entre fases de tranquilidade, nas quais expunha fotos de toda a família na rede e fases de extrema neura, onde deletava qualquer tipo de informação que pudesse alimentar facções criminosas, era a ÚNICA na mesa com um perfil no Orkut.
E daí?
Daí, nada. Como eu já falei, ninguém é obrigado a entrar nessa.

Logo o Orkut criou o tal do BuddyPoke.
Os bonequinhos engraçadinhos viraram uma febre e passaram a atrair a atenção de um novo público: as crianças.
A minha pequena, que via, de relance eu personalizar minha bonequinha com roupas e acessórios, começou a solicitar um perfil no Orkut.
Não!
Essa foi minha primeira resposta diante da pouca idade da moça.
Mas ela não parou por aí. Aliás, nunca para.
É muito cedo.
É perigoso.
Não é pra tua idade.
E assim eu fui respondendo sucessivamente às suas investidas.
Há alguns meses, quando eu julgava já ter encerrado o assunto, ela retornou com força total.
Agora tinha um argumento de peso:
- Todas as minhas amigas têm. Elas nem usam mais o msn porque só ficam brincando com os bonequinhos do Orkut.
Eu expliquei que uma coisa não tinha nada a ver com a outra. Mas ela rebateu dizendo que as amigas agora só se comunicavam através do Orkut.
Claro que uma mãe tem que ter força de decisão suficiente para não ceder ao fato de que “todos têm”. Mas, confesso, eu balancei.
Já estava completamente envolvida pelo ambiente das mídias sociais e cogitei a hipótese de inserir a filhota também nesse processo através do Orkut.
Já tendendo a ceder, levei o assunto ao pai da moça, que foi bastante convincente: NÃO!
- Já viste tudo que os meus amigos escrevem de bandalheira em suas páginas e até na minha? Tu achas que isso é ambiente pra uma criança? Claro que não.
Então lembrei do Zander Catta Preta (editor de conteúdo adulto do Terra) na Campus Party, explicando que quando queria fazer alguma pesquisa sobre pornografia, dirigia-se diretamente ao Orkut. Uma mina.
Foi o suficiente para encerrar o assunto.
É não, e pronto!

Foi aí que eu lembrei de outra coisa. Aquela festinha de aniversário no ano passado. Lembra?
Nenhuma das mães das amiguinhas da minha filha usa o Orkut. Elas não têm um perfil.
Isso quer dizer que elas podem até saber do que se trata. Mas não conhecem de fato.
Como assim?
Como uma mãe permite que seu filho pequeno frequente um ambiente que ela não conhece?
Você deixaria seu filho participar de uma reunião de adultos num local desconhecido?
Tenho certeza que não.
Então, por favor, entenda que inclusão digital não significa jogar todo mundo na web, de qualquer jeito, em qualquer lugar.
Assim como em qualquer ambiente off line existem situações inapropriadas a determinados grupos, na internet cada coisa também tem o seu lugar.
Sou extremamente a favor de apresentar o ambiente virtual às crianças. O quanto antes.
Mas isso precisa ser feito de forma consciente.
Existem redes sociais próprias para cada idade, para cada fase da vida.
Com um pouco de interesse, você encontrará redes sociais que se encaixem à idade e às aptidões de cada criança, além de protege-lo de danos reais.


(Esse post faz parte do projeto Blogagem Coletiva Inclusão Digital Eu Apóio!)

8 pensamentos:

Phil disse...

O engraçado de tudo é que as mães se preocupam em acompanhar as crianças numa festinha de criança e não se ligam em acompanhar elas na internet. Deixar as crianças entrar onde bem entender na internet é como deixar elas sairem de casa com muito dinheiro no bolso e sem avisar onde estão indo, com quem estão falando e onde irão gastar o dinheiro. O dinheiro nesse caso são as coisas que as crianças baixam para seus computadores, instalam ou até mesmo mandam para os outros. Enfim, o negócio é trazer a internet para a conversa familiar, pois é assunto sério e afeta o desenvolvimento da criança, pode ser para o bem ou para o mal, então deve ser tratado com seriedade.Muito Bom Maitê. Parabéns!

Din disse...

Concordo em gênero, número e grau.

Neide Costa disse...

Parab´ns pela matéria. Realmente é preocupante, concordo com o Phil.

Grande abraço - Super mamãe

Bjsssssssss

Lúcio disse...

Não sou pai. Sou tio.
Tenho sobrinhos que usam o orkut e outras ferramentas de rede social, menos de 12 anos.
Eles se divertem com os buddy pokes e outros jogos interativos na web. Muito instrutivo, penso eu.
Na minha opinião, o erro não está em nossos jovens estarem na Web e sim em não usarmos ferramentas para acompanhar os primeiros passos deles nesse mundo em construção e cheio de pessoas mal intencionadas, que estão por aí aos borbotões.
Isolarmo-nos não nos irá nos salvar.
Evitar o mal é conhecê-lo, não viver se esquivando do que não conhecemos.
A vida é cheia de armadilhas. Devemos conhecer o caminho que o lobo mau faz e não cairmos nelas e sim, se possível, fazer o lobo cair nelas.
Paradoxal. Ser ou não ser?

Lúcio disse...

Não sou pai. Sou tio.
Tenho sobrinhos que usam o orkut e outras ferramentas de rede social, menos de 12 anos.
Eles se divertem com os buddy pokes e outros jogos interativos na web. Muito instrutivo, penso eu.
Na minha opinião, o erro não está em nossos jovens estarem na Web e sim em não usarmos ferramentas para acompanhar os primeiros passos deles nesse mundo em construção e cheio de pessoas mal intencionadas, que estão por aí aos borbotões.
Isolarmo-nos não nos irá nos salvar.
Evitar o mal é conhecê-lo, não viver se esquivando do que não conhecemos.
A vida é cheia de armadilhas. Devemos conhecer o caminho que o lobo mau faz e não cairmos nelas e sim, se possível, fazer o lobo cair nelas.
Paradoxal. Ser ou não ser?

Maite Lemos disse...

Lúcio,
Eu conheço algumas redes sociais o suficiente para distinguir quais são apropriadas para cada idade.
Sou hiper a favor das crianças conhecerem a web.
Principalmente pq a fase atual (2.0) é riquíssima.
Acho muito construtivo.
Mas, cada coisa ao seu tempo.
Orkut não é para crianças menores de 12 anos.
Pra isso existem outras redes.
Como o Club Penguin, por exemplo.
E quero deixar uma coisa beeem clara:
Não sou contra o Orkut.
É uma ferramenta de socialização excelente. Que tende a ficar cada vez melhor com a chegada da concorrência (Facebbok e outros).
Mas não é pra crianças.
Ponto.

Ju Dacoregio disse...

Tomei a liberdade de replicar seu texto em minha coluna da Rádio Criciúma, tá? http://www.radiocriciuma.com.br/portal/mostraconteudo.php?id_colunista=22&id_conteudo=2156

Aline Silva Dexheimer disse...

Olá.
A Sam me indicou teu blog.
Visite o meu. Vais gostar, pois escolhemos o mesmo tema...risos.
O motivo pela qual estou te escrevendo é que eu também participo da Blogagem Coletiva da Inclusão Digital.
E também tenho um jornal que se chama EU SOU UMA AVENTURA. Não sei se conheces. VIsite aqui para conhecer mais:http://www.alinedexheimer.com.br/page001.aspx
O tema deste bimestre é INCLUSÃO DIGITAL e estou recebendo depoimentos de colaboradores.
Se quiseres participar, me escreva eu@alinedexheimer.com.br
Quanto ao Orkut. Concordo contigo. Não é lugar de criança. Tenho trigêmeos de 7 anos e também sou das mães que vai em festinhas...ahaha.
Beijos, e obrigada,
Aline

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