O jornalista Gay Talese é um dos mais célebres representantes do new journalism, modalidade que utiliza técnicas de literatura no relato jornalístico.
Este ano, o afamado senhor é presença confirmada na
FLIP - Festa Literária Internacional de Paraty. Evento que ocorre de 01 a 05 de julho na cidade carioca e é responsável por um nó que vem apertando em meu peito com maior intensidade à medida que a data se aproxima e a minha impossibilidade de participar vem se confirmando.
Mas não quero falar de FLIP. Ano que vem eu vou. Juro.
O caso é que o experiente tiozinho aí de cima concedeu entrevista à
Veja na semana passada e, em geral, deu uma aula de jornalismo.
Mas não distribuiu diploma, lamento.
Acertou ao comentar os danos originados pela aproximação da imprensa com o poder e ao criticar a excessiva preocupação com o "politicamente correto".
O problema ocorreu quando o mestre resolveu falar sobre internet.
Falou, falou... e só provou que não entende nada sobre o assunto.
Ao afirmar que a internet gera um lamentável "conhecimento linear", pois as pesquisas no Google focam em um único assunto privando o indivíduo de uma visão ampla de mundo, Talese demonstra inabilidade digital.
Qualquer um mais familiarizado com a web evitaria o equívoco de resumi-la ao Google, ainda que a empresa responsável pelo serviço de busca seja um gigante na área digital, resumir a experiência on line a ela é prova de pouca familiarização com o meio.
Quem busca informação na internet tem por hábito fazer a "varredura" diária dos jornais mais tradicionais que, para garantir posição de destaque no setor de comunicação, já se preocuparam em oferecer na rede a mesma credibilidade pela qual são reconhecidos no papel.
Além disso, o equivocado jornalista resumi os blogs a canais de fofoca.
Infelizmente, este senhor de conhecimento reconhecido e idade avançada deve ter dado uma olhada em alguns blogs há alguns anos.
Com velocidade assustadora a tecnologia vem se transformando e imprimindo o mesmo ritmo frenético à comunicação digital.
Realmente. Quando surgiram, os blogs se resumiam a diários pessoais e páginas de fofocas.
No entanto, o meio vem se profissionalizando e, o que era apenas entretenimento, hoje se obriga a seguir rigorosos critérios éticos.
Jornalistas consagrados e personalidades de diversas áreas tem utilizado os blogs para publicar informação e/ou expressar opinião.
Por ser de fácil utilização, permitindo que qualquer um que não seja um analfabeto tecnológico faça uso de seus recursos e, ao mesmo tempo, oferecer possibilidade ilimitada de divulgação, além de se consagrar como canal de comunicação direta com o público/leitor, a criação de blogs vem atraindo tanto os grandes veículos quanto o cidadão comum.
Esta prática, inclusive, favorece a disseminação daquilo que o próprio senhor Gay Talese defende como o caminho ideal a ser trilhado pelo jornalismo. Ou seja, tira o foco de geração de informação do poder político/econômico e o transfere para os diversos setores da sociedade. Deixa de receber informação manipulada pelos canais oficiais e passa a gerar informação de acordo com a percepção da "vida real".
Por isso, é lamentável que o citado jornalista se contradiga devido ao descuido (ou prepotência) de falar sobre o que não conhece.
7 pensamentos:
O que os grandes jornalistas das antigas precisam entender é que o problema não é o meio. A Internet, no caso. A questão é que, como em qualquer outra mídia, há coisas boas e ruins na web.
Agora já são 02 comentários!!
Bom dia!!!!
Três :D
É nem esse cara ai é capaz de saber de tudo. A vida é assim :D
Beijinhos!!
Eu amo o twitter!
Brigadinha gente.
Também sou da opinião de que em todo e qualquer meio, tem o bom e o ruim.
Se eu fizer uma pesquisa em impressos e quiser olhar apenas um veículo, vou ter só uma opinião também oras!
Ele como um jornalista tão conceituado é que deveria ter uma visão mais ampla de mundo.
Mass, cada um cada um né?
:)
Não sou jornalista, sou psicóloga, e uso o meu blog para divulgar minhas pesquisas sobre: ciência da consciência x consciência da ciência. Foi por encontrar pessoas como Gay que resolvi montar um blog, me orgulho em ter um e poder compartilhar com pessoas como a Maitê.
Bjsss
www.gene1genesis.blogspot.com
No fim das contas o cara é O CARA e sabe disso. Talvez ele tenha opinado meio sem critério algum e sem conhecer direito blogs e internet. Mas ele está na fase e na posição de dizer o que quer sem se preocupar se está falando bobagem ou não.
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