Juro que estou tentando não perder o respeito, não ferir o direito que cada um tem de manifestar sua fé, seja lá no que for.
Acontece que a crença alheia vale tanto quanto a minha descrença.
Num destes deboches da vida, a casa onde eu moro foi, aos poucos, sendo rodeada de igrejas.
Igrejas de todos os tamanhos, para todos os gostos.
Eu, como não gosto de nenhuma, fico aqui no meu cantinho e respeito os vizinhos fervorosos, portanto, exijo o mesmo respeito da parte deles.
Mas, olha que isso é difícil de acontecer.
Há alguns anos, uma destas igrejas tinha o infeliz costume de fazer uso de caixas de som para amplificar o volume das pregações. Até aí tudo bem. O problema é que as tais caixas ficavam voltadas para a rua. Isso mesmo, para a rua.
Quem queria ouvir lá as histórias de Cristo, ia até a igreja. Quem não queria mas, como eu, morava nos arredores da igreja... era obrigado a ouvir também.
Não tinha saída.
Nunca entendi por que faziam isso. Não favorecia a igreja em nada e desrespeitava aqueles que não partilhavam da mesma fé (ou de fé nenhuma).
Por sorte, alguma alma caridosa com certa influência no grupo rezador em questão acabou sendo iluminada com uma fagulha de razão e a turma aboliu as orações externas.
Agora que o Natal já passou (eu amo o Natal) e o reveillon está perto (e eu não vou para praia, portanto, mais uma vez, será quase como se o ano não virasse) acaba me batendo um banzo. Uma depressãozinha de nada.
Já não gosto muito desta semana entre as duas datas festivas, mas como o sol tem se feito presente e a piscininha de plástico da Ana tá cheia lá no jardim, eu acabou me contagiando com a empolgação das crianças e tenho gasto minhas tardes na árdua missão de me colorir um pouco de sol.
O ritual é sempre o mesmo.
Coloco o biquini, passo protetor solar no rosto, bezunto o resto do corpo de bronzeador, coloco os óculos escuros e, apenas por volta das 16:00h abro a cadeira de praia no jardim e torro por alguns minutos.
Tem rendido bons resultados, até.
Mas a sessão bronze não termina por aí.
Depois que a paciência termina e eu desisto do sol, levanto e vou tomar uma ducha relaxante para tirar o grude do bronzeador.
Foi exatamente nesta hora, a hora do banho, aliás, a sagrada hora do banho que eu tive que me submeter a mais uma manifestação de fé dos vizinhos crentes.
Lá se foi o meu momento de desconectar e deixar as energias boas fluirem pelo corpo enquanto os pensamentos negativos escoam pelo ralo.
Nem um caminhão pipa poderia dar conta de afastar de mim o estresse gerado por aquela gritaria de absurdos reliosos que teimam em pintar de cores sérias um disparate como o exorcismo.
Tá louco.
Se tinha algum diabo por lá, se eles conseguem realmente tirar do coro de um infeliz que se submete ao ridículo o tal capeta... então mandaram lá pro meu banheiro.
Olha que eu fiquei vermelha de raiva e quanto mais eles gritavam mais eu espumava.
Bom, só para mostrar que, mesmo com todas estas provações, eu sou uma pessoa do bem (independente do nome que se dê a ele), respirei fundo, contei até 1.000, xinguei de alguns nomes (mas em um tom baixo, nem ouviram) e resisti à tentação de descer até o estúdio do meu pai e esgaçar a Clara Nunes em um daqueles dançantes pontos de Umbanda.
Para não permitir que a falta de respeito dos moços de fé gere em mim um câncer, apenas vim desabafar aqui.
Obrigada.
Como se livrar de um flanelinha
Há um ano
7 pensamentos:
desenha uma pentagrama com giz na frente das igrejas que a incomodam e coloca uma vela em cada ponta da estrela. Se puder colocar um katchup pra dar um toque macabro melhor. Pronto, tá feita a merda.
Simpatizo com o desabafo. Cuidado com esse sol: Seria pior pegar um câncer causado pelos raios solares do que pelas canções de fé. Então benzunte-se bem!
Valeu pelo comentário. Sou recém formado em Imagem e Som pelo UFSCar. Escrevo roteiro e produzo filmes.
Maite, não esquece de votar na gente:
http://bestblogsbrazil.com/2008/node/45
beijão e que em 2009 você possa pensar em tudo e muito mais.
Olá Maité,
Realmente você escreve maravilhosamente...estava eu entretidissima a ler o seu post e já me estava a imaginar nesse cenário...para além de me ter divertido imenso!!!!
Um abraço para si , muitos sucessos em 2009 e nomeadamente com o lançamento do seu livro!
Maria Lemos
desabafe aqui mesmo, é o melhor que você faz... rss
adorei o blog e o post.
partilho da mesma opinião quanto ao fanatismo religioso. esse me perseguem até mesmo em casa, coisa de louco.
fazer o que, cada um com sua loucura, não é?!
minha loucura é não querer essa loucura em minha vida.
pra complementar seu post, recomendo esse blog, em especial esse post aqui:
http://www.carloscardoso.com/2008/12/24/padre-fdp-faz-mal-a-um-monte-de-criancinhas-de-uma-vez/
voltarei sempre!!
Hilário e irritante. Também não gosto dessas pregações exageradas e teatrais. Claro, cada um com sua crença. Mas essa ai não consigo respeitar tanto. é muita manipulação... mas. O negócio é contar até mil mesmo, desabafar aqui, e pedir para o pastor se ligar.
Adorei seu blog!
beijoss!
Feliz 2009 :D
Perdi o respeito com os crentes a muito tempo.
Não dou conversa e se vier me encher o saco eu derrubo um caminhão de argumentos por cima cheio de palavrões sonoros ainda.
- vc quer comprar um carro invisível?
- sabia que só 13% da população carcerária brasileira é ateísta? será que deus é presidiário ou simpatiza com a bandidagem?
- vc já viu um círculo-quadrado?
- papai noel mandou um abraço!
- deus é uma questão cultural, se vc morasse na índia vc seria hinduísta, prefiro agraciar a cultura indo ao cinema.
etc...
Olá eu sou o autor da polemica pergunta lá do "Pergunte ao Urso" o Pecador... rsrsrs Vi seu coments lá e passei aqui para deixar um Coments.... Já vi que sofremos do memso mal.. Bjs
http://inblogs.com.br/pergunteaourso/assuntos/religiao/se-deus-nao-e-surdo-por-que-as-igrejas-f
Francisco Coelho
http://www.pensoemtudo.blogspot.com/
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