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08/02/2009

Paula


Poucos livros me emocionaram mais que "A casa dos espíritos", de Isabel Allende.
"O caçador de pipas", talvez.
Além deste, comprei um único outro livro da autora chilena, do qual não me recordo o nome por se tratar de um amontoado de receitas misturadas a alguma poesia e uma farta dose de sensibilidade.
"Afrodite", eu acho, mas não tenho certeza.
De qualquer forma, é uma destas obras que valem a pena possuir para enfeitar a mesinha de centro da sala. Livro grande, capa dura, belas ilustrações e um assunto interessante para iniciar uma conversa.
Frequentemente, no entanto, tenho me deparado com "Paula" nas diversas visitas que faço à livraria do Shopping (toda semana) e, apesar de Isabel exercer seu poder de sedução sobre mim desde os tempos em que me apresentou a Esteban, Clara e toda a magia que cercou suas vidas, venho desviando meu olhar de "Paula" há algum tempo.
Talvez por não achar um nome tão interessante, talvez por recordar de uma entrevista da autora que li (provavelmente) nas páginas da revista Cláudia quando ainda era uma criança capaz de registrar eternamente na alma a explicação de uma mãe sobre seu drama perante a dor de uma filha, mas incapaz de interpretar a força brutalmente destrutiva que se revela em experiências como esta, eu julgava que já sabia o suficiente sobre o livro e, portanto, não me interessava.
Minha mãe, num ataque compulsivo, trouxe para casa ontem "Paula", sufocada sob outros volumes, na sua maioria relatos de mulheres que sofrem com a cultura do Oriente Médio, seu tema de leitura predileto.
Passei o dia lendo-o.
Já estou na página 226 e, fora os parentes interessantíssimos e as situações a que estes submetem Isabel, a narrativa encantada da chilena, recheada por figuras de linguagem que envolvem o leitor até o limite da pieguice (sem nunca ultrapassá-lo) é o fator que faz com que eu continue lendo as mais de 200 páginas que ainda restam sobre uma jovem que, inerte em seu leito, serve de plano de fundo para que sua mãe relate todas suas sensações (que muitas vezes se repetem) diante de tão aterrorizante situação.
Além disso, mesmo me sentindo abafada por tamanha angústia, eu sou mãe e, como tal sempre hei de me compadecer quando apresentada por uma semelhante à dor de um filho.
Contudo, a não ser que o final do livro se desenrole de forma surpreendente, acho que tive razão em todas as vezes que sai da livraria sem trazer "Paula" comigo.

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07/02/2009

Amor de verdade

Postei o vídeo dos ratos porque ele realmente me emociona.
Assisti a ele milhares de vezes já. E cada vez gosto mais.
Por quê?
Porque se refere a um amor de verdade.
Apesar de voltado (aparentemente) ao público infantil, a música de Paulo Tatit descreve o desenrolar de um amor real.
Não um amor de contos de fadas, onde tudo acaba bem e nós, platéia, ficamos com a impressão de que o mundo é lindo, as pessoas são maravilhosas e os obstáculos existem, todos, apenas para imprimir mais graça ao grande final.
O amor perfeito.
Até que a morte nos separe.
Infelizmente, ou não, a vida real não funciona assim.
Claro que o amor existe.
(Não me julguem por desalmada antes que eu possa concluir)
Com um pouco de sorte, boa vontade e esforço para reconhecer um momento mágico, todos vamos, mais cedo ou mais tarde, esbarrar em alguém que marcará para sempre nossas vidas e (se o karma permitir) nos fará feliz enquanto a morte ou os percalços da vida nos concederem esta oportunidade.
E o rato?
O rato é uma pessoa normal, comum.
OPS! um rato normal.
Que na ânsia pela sorte de ter seu coração acarinhado por outro coração, resolve declarar-se a todas.
Pobre rato!
Ama a lua apenas por seu brilho, ama a nuvem pela aparência, ama a brisa por sua leveza e, devido às circunstâncias, chega até a amar a parede por conta da segurança que expressa.
(Você conhece alguém assim?)
Então, quando tudo parece perdido e o rato, depois de tantas desilusões dá sinais de começar a se cansar da busca pelo amor, finalmente surge a ratinha para resgatar aquilo que o pobre roedor parecia demonstrar tão claramente no começo da música e, nesta altura já era apenas um sombreado: a alegria de viver!
Ela, a ratinha, se apresenta de forma sensata e segura, pois apesar das investidas anteriores do ratinho e da consciência de suas próprias limitações (e quem não as possui?), ela crê no sentimento mais nobre dos homens (ou dos ratos) e se entrega a ele mesmo enquanto continua almejando o queijo.

Bravo!!

Eu sei que não é fácil encontrar tempo para assistir a um vídeo de 5 minutos.
Mas vale a pena. Experimente.

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05/02/2009

Ratinhos

Sou obrigada a guardá-los aqui, de tanto que os amo!
Uma verdadeira história de amor que, apesar de divertida, sempre me comove.


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E ainda tem gente que me chama de perua!

Sibéle Cristina que me perdoe, mas uma sapatilha é essencial para ser feliz.
Se a sensualidade e a beleza feminina residem em cima de um belo salto, a felicidade, por sua vez, tenho certeza, se acomoda em uma confortável sapatilha.
Invejo mulheres que se arriscam dia após dia sobre um longelíneo scarpin. Chiquérrimas. Sensuais.
Não vou negar que tenha meus momentos de Diva.
Mas basta entregar-me a eles para reconhecer o valor da minha singela coleção de sapatilhas.
Agora, por exemplo, escrevo estas palavras como reconhecimento ao sacrifício prestado por meus pezinhos, que me acompanharam em uma ocasião na qual cabia que se apresentassem em traje de gala pois, munida por meu 1 metro e 63 centímetros, coberta por uma bata esvoaçante e florida, a escolha pela comodidade das sapatilhas me levaria a ser enquadrada em uma lamentável categoria: bujãozinho.
Prefiro a tortura.

Aliás, nada pior para a aparência de uma mulher do que sentir-se amada, segura.
Mas depois conversamos sobre isto.


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Ah! Sibéle Cristina é uma destas mulheres fatais.
Uma fêmea profundamente sedutora que irradia auto-estima, contagiando qualquer uma que desfrute de sua companhia.
Mas este também é assunto para uma outra hora.

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03/02/2009

A menina que roubava livros



Engraçado como cada coisa tem o seu momento.
Pelo menos comigo acontece assim.
Comprei "A menina que roubava livros" há aproximadamente 1 ano.
Durante uma viagem a Florianópolis.
O comprei mais pela capa, e porque já havia lido seu título em algum lugar. Provavelmente na revista Veja. Talvez.
Mas com certeza conhecia apenas o título. Não tinha noção do conteúdo do livro.
Como a capa era interessante, um desenho bonito e, principalmente, trazia as seguintes palavras "quando a morte decide lhe contar uma história, você deve parar para ouvir".
Impossível resistir, não?
Acontece que cheguei em casa e, animada, fui me deleitar com o tal livro.
Decepção.
Bem feito!
Precisa ser muito burra para não imaginar que a morte tem fortes argumentos para contar uma história sobre a 2ª Guerra Mundial.
A maldita 2ª Guerra Mundial.
Aquela a qual eu jurei nunca mais destinar um milésimo de atenção.
A mesma que há pouco tempo já me engambelou com "O menino de pijama listrado".
Mas desta vez não.
Era só um livro.
R$ 30,00, por aí.
Não vale à pena.
Depois de duas tentativas de avançar pelas páginas descritas tão minuciosamente pela morte, ADEUS.
No entanto, meses depois, mais precisamente ontem, decidi vencer mais este desafio.
Afinal, era só um livro. Não poderia ser tão terrível assim.
Resgatei "a menina", a morte e todas as almas que esta carregava, já pela manhã.
Reiniciei a leitura do ponto mais apropriado. O princípio.
Reli as poucas dolorosas páginas que já havia percorrido.
Desta vez não me rendi.
Li durante todo o dia.
E a noite também.
Faltavam umas 80 páginas apenas quando o sono me venceu. Quase meia-noite. Horário apropriado para encerrar uma narrativa da morte.
Dormi mal.
Acordei e voltei ao livro.
Avancei mais algumas páginas e precisei interromper a leitura.
Há poucas horas pude retomá-la.
Faltava pouco.
E, sinceramente, já não foi nenhum sacrifício. Não precisei mais vencer as páginas, de forma envolvente elas me convidaram a seguir a diante e eu o fiz, agora, com prazer.
As formas que se apresentavam pelas palavras ainda me causaram uma certa repulsa que eu acredito ser proveniente do medo. Medo de gente.
Apenas no final, enchi os olhos de lágrimas em alguns momentos. Mas há alguns anos decidi que não choraria mais pelas vítimas dele (não consigo escrever o nome).
Contive as lágrimas e ouvi a morte até o seu último relato.
Ouvi, sim.
Apesar de ler as palavras, apesar do conteúdo delas me causar repulsa, a narrativa de Markus Zusak é tão terrivelmente envolvente que, em vários momentos, tive a nítida impressão de ouvir a morte sussurar em meus ouvidos.
Não tive medo de ouvir a morte. Ela apenas me contava uma história.
Como eu já disse, tive medo sim, mas medo de gente.
****************
Agradeço à Rafaela e à Cláudia pela dica de que a leitura realmente valia à pena (no sentido literal da expressão).

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